VISITA TÉCNICA NA EMPRESA AGROPECUÁRIA AGRINDUS S/A.

26/10/2013 15:00

    Hoje, dia 26 de outubro de 2013, minha classe, 5º Semestre do Curso de Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATECTQ), conduzidos pela professora Selma de Fátima Grossi, zootecnista pela UNESP - Jaboticabal, mestre em melhoramento genético pela UNESP - Jaboticabal e doutora em produção animal também pela UNESP - Jaboticabal, fomos ao município de Descalvado, na propriedade Fazenda Santa Rita, na empresa Agrindus S/A. (iniciou suas atividades em 1945 e hoje é a segunda maior produtora de leite do Brasil), para uma visita técnica de aproximadamente 2 horas. 

     Ao chegarmos na Fazenda, fomos recebidos pelo gerente da propriedade, Sr. Ralf, que nos conduziu pela propriedade, explicando etapa por etapa todos os processos da bovinocultura leiteira, desde o nascimento dos bezerros, passando pela ordenha e chegando até o envaze dos vários produtos que a empresa produz.

     Em seguida segue algumas informações retiradas do site da empresa (https://www.agrindus.com.br).

     Quem passa pela rodovia Dr. Paulo Lauro, a SP 215, que liga a cidade de São Carlos a Porto Ferreira, no Centro-Leste do Estado de São Paulo, pode não perceber uma entrada, na altura da cidade de Descalvado, que leva a uma estradinha de terra. Seguindo alguns quilômetros por ali, você passa por extensas áreas de agricultura e pecuária, até chegar a uma placa com os dizeres “Agrindus S.A. Fazenda Santa Rita”. Pronto, você chegou à empresa que produz 50 mil litros de leite por dia, uma média superior a cinco mil litros de leite por vaca ao ano, número bem superior à média nacional de 1.382 litros de leite por vaca ao ano, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, Brasília/DF), em 2011. Sediada na Fazenda Santa Rita, dentre as várias áreas de produção da Agrindus, como pecuária de corte, avicultura e laranja, o destaque é o leite. “O processo se inicia na criação individual das bezerras até os dois meses”, conta o diretor da empresa e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil, São Paulo/SP), Roberto Jank Jr., que continua: “Progressivamente, o animal vai sendo inserido em grupos cada vez maiores, até a primeira inseminação artificial”. INOVAÇÃO. Desde 1967 a Agrindus já adota o sistema de inseminação artificial, expondo o caráter pioneiro da empresa. Fundada em 1945, atualmente é conduzida pelos irmãos Roberto e Jorge e pelo pai, Roberto Jank. Já nos anos 50, era detentora de uma produção de cerca de quatro mil litros por dia, com um rebanho de mil vacas, quantidades expressivas para o período. Naquela época, a empresa produzia também Caseinato de Cálcio para a indústria farmacêutica. Na década seguinte, inaugurou uma fábrica de queijo e, nos anos 70, a empresa foi pioneira novamente, passando a produzir leite tipo B, ainda não tabelado pelo governo na época. “Sempre gostamos de novas tecnologias e sempre estivemos ligados à agroindústria, tentando agregar valor ao produto dentro da fazenda. Nossa busca por inovação e tecnologia tem como objetivos os ganhos de escala e produtividade por hectare utilizado”, declara Jank Jr, e alerta: “Se continuarmos com a baixa produtividade no Brasil, cada vez vamos precisar abrir mais áreas na fronteira.
     Temos, portanto, que aumentar a produtividade na área que já está aberta, que é suficiente”. TIPO A. Segundo dados da Leite Brasil, a produção de leite pasteurizado tipo A em São Paulo (o Estado concentra 93% da produção brasileira do tipo) cresceu 25% nos últimos quatro anos, saltando de 27 para 34 milhões de litros.
     Parte dessa produção, cerca de 18 milhões de litros, vem da Fazenda Santa Rita, que produz leite tipo A desde 1998. Mas foi somente em 2006, com o lançamento da marca Letti, que a Agrindus assumiu todas as operações industriais e comerciais do leite A, visto que antes outras marcas operavam nas instalações da fazenda: “Foi o formato que encontramos de agregar mais valor ao nosso leite, depois que o tipo B ficou muito enfraquecido no mercado, devido ao fortalecimento do leite UHT (sigla para Ultra High Temperature, Temperatura Ultra Alta). Investimos perto de R$ 0,20 por litro de leite industrializado no primeiro ano e temos melhora no retorno quando comparado com o leite cru na maior parte do tempo”, explica Jank Jr. O leite, originado de um mesmo rebanho, é atestado pela Clínica do Leite da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/ USP, Piracicaba/SP) e, após a ordenha, é imediatamente envasado, seguindo por uma tubulação inoxidável fechada, não sendo transportado em caminhões, o que reduz a carga bacteriana. Além disso, a rastreabilidade nos processos produtivos assegura a biosseguridade do produto. O leite Letti tipo A obedece a Instrução Normativa 51/2002, que traça os parâmetros que atestam a qualidade do leite, com contagem de células somáticas abaixo de 600 mil por ml e de bactérias total inferior a 10 mil unidades formadoras de colônia por ml. Para se alcançar este resultado positivo, o processamento do leite é rápido: “O tempo gasto entre o animal ordenhado e o leite chegar ao ponto de venda é em torno de 20 horas, ou seja, menos de um dia”, garante a médica veterinária, PhD em Qualidade de Leite e coordenadora Técnica do Laticínio da Agrindus, Helena Fagundes. “Há um baixo risco de contaminação, pois o leite não entra em contato com o ar, não sofre bombeamento e nenhum tipo de transporte e, por ser imediatamente pasteurizado, são preservadas todas as características naturais do leite recém-ordenhado”, ressalta. A pasteurização, segundo Fagundes, elimina os micro-organismos nocivos à saúde e mantém as propriedades nutritivas do leite.
     O processo consiste em aquecer o leite a 75°C e logo após resfriá-lo a 3°C, além de o processo preservar os lactobacilos. Aliado ao leite tipo A integral, a linha de produtos Letti conta com leite A semidesnatado e desnatado, iogurte e creme de leite fresco, que também são comercializados com a marca Qualitá e Taeq, do Grupo Pão de Açúcar (GPA, São Paulo/SP). MONITORAMENTO. O rigoroso controle durante o processo de produção do leite na Agrindus resulta em um produto de qualidade elevada. Isento de bactérias patogênicas e resíduos contaminantes, o leite é ordenhado e processado na própria fazenda. Da ordenha, passando pela pasteurização, refrigeração, até o envase, tudo se passa em um mesmo circuito e sem qualquer contato dos colaboradores, é um processo totalmente mecanizado. Para garantir a rastreabilidade total, os processos anteriores e os seguintes ao laticínio também são conhecidos e controlados, como a criação das bezerras e a alimentação dos animais, passando pelo melhoramento genético, sanidade e a distribuição, além de análises do produto final em laboratório da própria empresa. “Com isso, não permitimos contaminações, garantindo a ausência de fraudes”, afirma Fagundes. “Todo o processo, do leite cru ao leite A, leva em média 12 horas, depois desse período já está pronto para o consumo. É um leite fresco, pasteurizado, que não precisa ser fervido”, garante Jank Jr.. “Todas as vacas são rastreadas por meio de um colar que emite sinal de radiofrequência, conhecido como transponder, que identifica o início da ordenha e mede a produção e o tempo de cada animal”, conta o diretor. A maior parte do alimento das vacas da Fazenda Santa Rita é produzida no próprio estabelecimento, como forragem, silagem COMIDA O ANO INTEIRO No tempo das chuvas, primavera e verão, é realizada a silagem na Fazenda Santa Rita. Após colher todo o milho, sorgo e milheto, o material é totalmente picado e armazenado em um silo, bem compactado para extrair o ar e depois fechado com lona. A silagem preserva as 27 mil toneladas produzidas, garantindo alimento durante todo o ano de milho, capim e grãos. Para complementar a mistura dos animais, outros grãos e minerais são adicionados para fornecer todos nutrientes, energia e proteínas que a vaca necessita.
     MEIO AMBIENTE. “Quanto mais intensivo formos, melhor utilizamos a água e a terra, os recursos naturais que precisamos proteger”, explica Jank Jr.. Toda a captação de água da fazenda é hoje controlada pelo Estado, ou seja, não é retirado mais do que a natureza permite, além disso, a empresa não efetua lançamento de água nos rios sem que essa esteja devidamente tratada e autorizada. Os estábulos da fazenda são lavados com água represada da chuva, por meio de um sistema de flushing, que libera uma onda que carrega todo o esterco produzido ANO INTEIRO No tempo das chuvas, primavera e verão, é Santa Rita. Após colher todo o milho, sorgo e milheto, o material é totalmente picado e armazenado em um silo, bem compactado para extrair o ar e depois fechado com lona. A silagem preserva as 27 mil toneladas produzidas, garantindo alimento durante todo o ano. O GERENTE DA AGRICULTURA, AGNALDO MERATTI, É O RESPONSÁVEL PELA SILAGEM pelas vacas até um sistema de decantação. A parcela líquida é utilizada em fertirrigação de gramíneas que serão utilizadas na alimentação das vacas. “Desta forma, fecha-se um ciclo onde os nutrientes da grama alimentam a vaca e esta proporciona minerais para a forragem por meio do esterco”, pontua o diretor.
     REBANHO. Conforto é a palavra-chave para as vacas da Fazenda Santa Rita. Os animais contam com galpões Free Stall, com camas de areia, ração balanceada, ventiladores com borrifadores de água e coçadores automáticos, visando livrar os animais de qualquer tipo de estresse, aumentando a qualidade do leite produzido. Acomodações que recebem o maior rebanho registrado de vacas holandesas puras do País. Melhoradas nos Estados Unidos, a Agrindus conta com 3.500 vacas, sendo 1.500 em lactação, que são ordenhadas três vezes ao dia. Jank Jr. destaca, ainda, o fato de o rebanho ser dinâmico, ou seja, a empresa busca por melhoramentos constantemente: “Estamos sempre usando touros importados, genética melhoradora. A nossa preocupação é que a geração seguinte sempre seja melhor que a anterior”. A fazenda conta com modernas ferramentas de reprodução, como fertilização in vitro, provas sexadas e Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), o que permite replicar um rebanho com facilidade, explica Jank Jr.: “Isso tem nos levado a ser um tradicional do ramo e, ao mesmo tempo uma das mais inovadoras. Com uma “relação muito forte com seus colaboradores”, como pontua Jank Jr., a empresa mantém 220 profissionais, sendo 34 envolvidos diretamente com a produção de leite, e familiares na fazenda. “Alguns chegam ao ponto de alugarem suas casas na cidade e optar por morar na própria fazenda”, conta o diretor, que finaliza: “Algumas famílias moram na propriedade desde antes da fundação da empresa em 1945”. “É preciso motivar as gerações mais jovens para conseguir reter o trabalhador”. PLANOS. “Estamos ampliando nossa planta para fabricação de queijos frescos, principalmente minas frescal”, revela Fagundes, que conta também que estão previstos lançamentos de novos sabores de iogurtes líquidos e de leite aromatizado, além do chocolate, o Chocoletti. “Queremos colocar no mercado mais produtos frescos de qualidade, com shelf life adequado e que, assim como nos nossos iogurtes, não sejam acrescentados aditivos para sua conservação”. Queremos que o consumidor perceba o sabor e qualidade da nossa matéria-prima”, finaliza Fagundes. 
     RASTREABILIDADE: REBANHO DE 3.500 VACAS É TOTALMENTE MONITORADO, um salto na evolução genética, com ganhos em escala e produtividade por hectare. “Dessa forma, é possível agregar valor ao produto com a verticalização da produção e também agregamos valor ao negócio com a venda de genética superior por meio do leilão anual que promovemos”. E, desde outubro do último ano, a Agrindus conta com a Delaval Endurance, sala de ordenha heavy duty de última geração que, com um sistema side by side de 2x30, tem capacidade para ordenhar até 2.300 vacas por dia, gerando performance de 300 vacas por hora, com saída rápida com fluxo frontal, sem retorno.

     Sobre a Letti

     Criada em 2007 para ser marca própria de leite tipo A, creme de leite fresco e iogurtes, a LETTI pertence ao grupo Agropecuária Agrindus S/A. A empresa, localizada na Fazenda Santa Rita, em Descalvado, SP, iniciou suas atividades em 1945 e hoje é a segunda maior produtora de leite do Brasil.
Com 65 anos de existência, a empresa é conduzida a seis mãos por Roberto Hugo Jank e seus dois filhos, Roberto Jank Júnior e Jorge Jank.
     Em 1973, a empresa passou a produzir leite tipo B. No período de 1971 a 1989, a produção do leite tipo B cresceu a significativa taxa de 21% ao ano no Brasil. A entrada da empresa no mercado de leite A, foi marcada pela unificação das unidades de confinamento e ordenha com a instalação de uma moderna unidade, construída na Fazenda Santa Rita em 1996.
     Em 2007, a Agrindus desenvolveu sua área industrial e comercial e lançou sua marca própria de leite tipo A, creme de leite fresco e iogurtes. É a LETTI, marca que começou do zero e que em poucos anos encontrou seu lugar no mercado e se fortaleceu. Está presente em 45 cidades do Estado de São Paulo, com atendimento em domicílio em 27 cidades.
     A Agrindus tem como cliente a comunidade judaica há mais de 10 anos. Este é um cliente bastante exigente e o leite deve estar de acordo com as normas judaicas. A propriedade conquistou um certificado que permite um controle de qualidade à distância. A fiscalização é feita por meio de 16 câmeras instaladas em toda a cadeia produtiva e as imagens, em tempo real, são transmitidas via internet para o rabino. Essa é a primeira vez que o selo foi concedido para fazendas fora de Israel e Estados Unidos. Na prática, significa que o leite pode ser consumido com segurança, por ser um produto koscher (que obedecem à lei judaica).